Quando me falaram de empresas que
são grandes de mais para fechar, acreditei que fossem, em sua grande parte, os
bancos. Não os times de futebol. As empresas bancária têm renda fixa,
literalmente. As pessoas depositam seu dinheiro, seus investimentos, e lá os
deixam. Os times dependem da torcida, que varia conforme a situação do time nos
campeonatos que disputa, e de seus patrocinadores, que não raramente descumprem
os acordos firmados.
Lembro-me da crise de 2008. Mas
que crise? Lembro-me que bancos faliram, empresas fecharam, países tiveram suas
economias afetadas. Mas que países? Não o meu. Bem, aqui no Brasil a crise
quase não foi sentida, mas onde ela foi?
Na Espanha, em pleno 2008, começo
da crise, Florentino Peres renova a ideologia dos “galáticos” no Real Madrid e
contrata os dois melhores atletas do mundo. Cristiano Ronaldo, por 92 milhões
de euros, transferência mais cara da história até então, e o brasileiro Kaká,
por 60 e tantos milhões de euros.
A crise, então, eclode; decola.
Nesta mesma Espanha, seguem-se os anos com pessoas adulterando seus currículos,
escondendo capacitações para não serem consideradas qualificadas demais para
uma vaga abaixo de seu nível profissional e terem no final do mês um, baixo,
salário. Mas o futebol segue crescendo... Real Madrid e Barcelona gastam como
loucos em competição. Ozil, Di Maria, Khedhira, entre tantos outros do lado
merengue e David Villa, Fábregas e alguns outros do lado catalão.
Mas espera, o clube de futebol
F.C. Barcelona faz parte do grupo Barcelona e, portanto, do banco “Barcelona”.
Será que a economia não estava tão fragilizada assim? Uma empresa pertencente a
um grupo bancário, em um momento de crise na economia, podendo gastar tanto
assim? Acontece que o Barcelona -clube de futebol- não podia perder torcedores
para o momento político que ocorrerá na Espanha em 2014, então gastou tantos
milhões em contratações pontuais e de “peso”, mas em contrapartida se
aprofundou na loucura de aproveitamento da base, chegando a entrar em campo
apenas com jogadores de suas fundações.
Agora entendamos um momento
político diferente: O plebiscito para independência da Catalunha, marcado para
2014. Como sabemos -ou deveríamos saber-, a Espanha pode ser subdividida
geopoliticamente em 4 porções, cada uma referente a um reino. Mas
concentremo-nos na Catalunha. Essa poderá se tornar independente do território
espanhol através de um plebiscito em 2014. Agora entendamos o que o clube de
futebol Barcelona fez:
- Acentuou
os ideais de nacionalismo, “enlouquecendo” com o aproveitamento dos jogadores
da própria base (jogadores e técnico);
- Manteve
forte sua torcida, rivalizando com o arqui-“inimigo” Real Madrid na contratação
de atletas de renome, como David Villa (maior artilheiro da história em jogos
oficiais pela seleção espanhola) e Francesc Fabrégas (principal jogador do
Arsenal e um dos principais entre os atuantes na Inglaterra, além de ser
jogador da seleção e ter se formado nas categorias de base do F.C. Barcelona;
- Acentuou
os ideais de nacionalismo, confeccionando uma camisa com as cores da Catalunha
(mais vendida da história entre os segundos uniformes do “Barça”) para seu
plantel.
O Real Madrid, entretanto, vendo
a popularidade alcançada pelo seu arqui-rival, voltou a investir pesado e
ganhar midialidade pelos números gastos. Quando, em 2008, o clube de Madrid
trazia para seu elenco o português Cristiano Ronaldo, por 92 milhões de euros,
ele não era aposta. Era o melhor jogador do mundo daquele ano, e a crise
imobiliária (econômica) acabará de ter começado. Agora, em 2013, o mesmo clube
de Madrid adicionou o Galês G. Bale a seu plantel, ao gastar nada menos que 100
milhões de euros, a transferência mais cara da história do futebol. Mas é
aposta. Bale não é o atual melhor jogador do mundo. Não é o mais cotado para
ser. Está atrás de Messi, Ribéry, Neymar, e do próprio Cristiano Ronaldo na
atual cotação dos melhores do mundo. O Barcelona logo trouxe Neymar, oferecendo
a seus torcedores a possível melhor dupla de jogadores da atualidade: Neymar e
Messi. Além, é claro, de intensificar midiaticamente na promoção do brasileiro.
Para quem não sabe, na Espanha
existe uma operação policial chamada de “operação pokemom”. Surpresos? Acontece
que políticos desonestos não são exclusividade do Brasil. E na Espanha existe
essa operação para identificá-los e prendê-los. Para isso, os policiais
adotaram a frase “gotta catch them” como lema da operação. Mas, não me
aprofundando neste caso, mesmo já tendo me aprofundado, imagino este cenário
propício e essas relações duvidosas entre o mundo da bola e o mercado
financeiro. Será que estão tão longe assim do mundo da política, também?
A Espanha foi escolhida nesta
matéria apenas por causa do plebiscito do próximo ano. Existem outros bons
exemplos no mundo da bola, como o caso do dono do Milan, da Itália, ser o atual
ex-primeiro ministro italiano. Ou ainda aqui mesmo, no Brasil, com os diversos
casos acerca da CBF, ou com o envolvimento específico de José Maria Marin com
Sandro Rossell (presidente do Barcelona –que surpresa, não?!), ou até mesmo a questão
do patrocínio da Caixa para com o Corinthians. Existem casos ainda como
Romário, ex-futebolista que atualmente é deputado. Exemplos não faltam...
http://falepraquemquerouvir.blogspot.com.br/2013/12/futebol-e-visto-almocando-com-politica.html