A faixa está estendida. A torcida do time da casa está revoltada com os conterrâneos que torcem contra o time da própria terra. E agora, quem está certo? O revoltado que, acompanha o futebol local e sabe como é dura a realidade? Ou o famoso “misto” que, sempre acompanhou o time de outro estado pela televisão, mas mesmo assim tem o mesmo sentimento de amor e fanatismo pelo clube de fora? Como vivemos num país democrático e de livre arbítrio, os dois têm o direito de protestar e torcer como quiserem desde que seja pacificamente. Mas o problema não está no jogo.
Há alguns anos torcedores de clubes das regiões Norte e Nordeste, vêm protestando veementemente durante jogos contra times do Sul e Sudeste, principalmente quando são clubes da primeira divisão, elite do campeonato nacional. Os clubes locais ficam indignados com o fanatismo da população local, pois os mesmos desprezam o futebol do estado e vangloriam o time visitante.
Tudo isso começa pelo fato de um problema muito antigo: Preconceito. Estamos no ano de 2012 e ainda hoje, mesmo com leis e campanhas contra o preconceito, o mesmo existe e é forte. O preconceito relacionado a esse tema é aquela velha história: Sudeste x Nordeste.
“Ah, o pessoal do eixo Rio-SP chama os nordestinos de ‘paraíba’ e ainda acham que somos uma maioria analfabeta e mais uma porrada de coisas...”. “Pô, meu! Os ‘paraíbas’ são muito encanados, ficam sentidos com tudo, fala sério.”
É mais ou menos por aí que começam os problemas. Mas, enfim, entrar nesse debate, que eu acho mais um bate-boca, não dá em nada, não é construtivo. Isso não foi resolvido em milhares de anos, não é agora que vai ser.
O que o torcedor tem que entender é que o protesto é válido, mas é focado nas pessoas erradas. Em que o alagoano está errado por preferir torcer para Corinthians, Palmeiras, Santos, São Paulo, Vasco, Botafogo, Flamengo ou Fluminense, e não para o time do próprio estado? Como sou alagoano, vou focalizar no campeonato local, onde eu tenho mais conhecimento e acesso as notícias. O campeonato Alagoano é fraco. Mal organizado. Vive com polêmicas em torno de liberação de estádio, os famosos ‘borderôs’ dos jogos demoram dias para serem divulgados e são muito questionados, arbitragem, TJD... Enfim, todos esses problemas somados com os times locais que, são muito fracos e sem muita expressão, acabam desvalorizando o campeonato. Mas ainda existem os problemas com os clubes, que, diga-se de passagem, são inacreditáveis. Tiremos como exemplo o CSA. Há mais de uma década vive uma desorganização incrível. Mas é um clube que tem uma história vitoriosa. Jogava contra os grandes da elite nacional e não fazia feio. E é justamente isso que atrai o torcedor. É isso que faz com que desperte a paixão pelo clube. Num estado onde o campeonato e os clubes são desorganizados, quem condena o torcedor que ao invés de torcer por um clube local, torce pelo clube da elite nacional, que está sempre na televisão e disputando campeonatos importantes?
Repito: os protestos são válidos, mas são direcionados as pessoas erradas. Esses protestos deveriam ser dirigidos contra a federação local e os próprios clubes locais, para se organizarem e se empenharem em melhorar o campeonato, o calendário e principalmente a organização administrativa do futebol local. E mesmo que tudo isso seja resolvido, cada um torce pelo time que quiser, pois é o direito de cada pessoa. Aí é que ta a ‘graça’ do futebol. E tenho certeza que nenhum regatiano torceria pelo CSA. E nenhum azulino torceria pelo CRB, caso fosse um dos dois, ontem, contra o Palmeiras.
Rivalidade é rivalidade.
Rivalidade é rivalidade.
2 Comentários:
Concordo P.V.!
Pv, há uma série de fatores que influiram no futebol do Nordeste e também de Alagoas. Além do marasmo econômico na década de 90, há um que eu considero principal: Os direitos de televisão, o tempo que os clubes nordestinos aparecem e também, a forma como aparecem. Fomos ignorados durante anos, com aparições esporádicas e ignoraram também o potencial do torcedor nordestino, torcedor esse que tem características diferentes de outros tocerdore. Mas se você soma isso tudo, com o incrivel desprezo com que os dirigentes daqui, tratam a estrutura, a história e os próprios torcedores... realmente, também não culpo os mistos, ninguém quer torcer pra quem só traz tristeza e quando ligamos a tv, tá lá a o flamengo, o corinthians, o palmeiras. Nós nos identificamos com quem? A criança que não vai pro jogo porque o pai não vai levar o filho pra um chiqueiro, com risco de ocorrer alguma coisa grave (violência)... Com tudo isso fica complicado torcer, ir pro estádio, acompanhar o futebol, aqui em Alagoas e no Nordeste
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