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Tudo no esquema

Ah, a tática. O famoso esquema de disposição dos atletas em campo numa partida de futebol, que muitos acreditam ser um dos pilares de uma equipe vencedora. Eu também acredito. Desde pequeno somos ensinados a compreender e nos ajustar a um 4-4-2 ou a um 3-5-2, que são as táticas mais populares em nosso país. Quando um garoto chega na categoria de base de algum clube, uma das primeiras coisas onde ele é avaliado é nessa questão de posicionamento dentro de uma dessas táticas. Se ele for disciplinado e respeitá-la, ele continua no clube. Caso contrário, ele seguirá seu caminho, já que infelizmente a maioria dos clubes iniciais não tem tanta paciência para ensinar algo tão elementar para um sujeito que quer ganhar a vida no futebol.

Muitas equipes seguem o mesmo esquema tático a anos, independentemente do treinador em exercício ou do plantel atual. O raciocínio seguido é que o jogador tem que se adaptar ao esquema, e não o contrário. Sendo assim, a base do time já vai colocando para esse garoto, como o seu time joga, e o que ele deve fazer para um dia estar nele. Vejam o Barcelona. A anos, esse futebol que encanta a uns e irrita outros, segue o mesmo esquema tático:

                                                                       Goleiro
          Lateral                            Zagueiro                         Zagueiro                            Lateral




                                                            Volante de contenção


                                Segundo Volante                                     Meia de Ligação






       Ponteiro                                                Atacante                                               Ponteiro



Trocando em miúdos:









Um 4-3-3 moderno, sendo o único componente clássico a linha de defesa. De resto, temos um volante habilidoso, de bom passe e boa marcação, um segundo volante que lembra mais um armador, tamanha a sua qualidade de visão de jogo, um armador veloz, de boa finalização, que chega sempre bem ao ataque e, o mais interessante, é que eles jogam sem um centroavante fixo, aquele popular "camisa 9" que tanto se vê e se cobra por aqui. No seu lugar, temos uma constante movimentação dos homens de frente que enlouquece a defesa adversária. O Messi sabe bem como é isso. O Barcelona sabe bem isso. O Europeu sabe bem isso. No Brasil, o time que surpreendeu todo o país e a América, é o time que a tem hoje, o Corinthians. O Corinthians é hoje o Barcelona das Américas, guardadas as devidas proporções, lógico. Muito se deve ao técnico Tite, que conseguiu fazer com que o time criasse essa disciplina, ensinando aos jogadores o seu verdadeiro papel em campo e as funções que ele deve desempenhar. Feito isso, pouco importa se você joga dentro ou fora de casa, você terá um padrão de jogo definido que com certeza trará problemas ao time adversário. Afinal de contas, você jogando o seu jogo sempre, quem tem que se adaptar ao alguém é o adversário,e não você.

Eu não sou um expert em esquemas táticos, mas os meus conhecimentos oriundos do que eu observo no futebol desde pequeno e o meu aprendizado prático jogando video game e principalmente FM desde 2005 é de que é necessário familiarizar os jogadores do esquema tático, antes de colocá-lo em prática. Por isso mencionei os ensinamentos da base, do Barcelona e do Corinthians. Não me agrada ver nenhum técnico de time grande chegar e dizer que "vai montar o time de acordo com o adversário".

Professor, você fazendo isso, só vai estar atestando que está com medo.

É isso mesmo que você ouviu.

O técnico precisa ter uma formação base e mantê-la. No máximo deve ter um esquema secundário de emergência, para mudar o time durante uma partida, mas não para começar uma.

Vejam o que fez o Abel Braga ontem pelo Fluminense. Ele é um ótimo treinador, vencedor e merecedor do salário que ganha hoje, sem dúvida. Mas ontem fez uma besteira. Desde que assumiu o time, no ano passado, ele sempre trabalhou com duas linhas de quatro, o popular 4-4-2, geralmente com Jean e Edinho na contenção e Thiago Neves e Deco municiando Fred e Rafael Sóbis no ataque. Ontem, como ele não poderia contar com Deco, que se recupera de lesão, e iria jogar contra um bom Grêmio, fora de casa ele colocou em seu lugar um zagueiro.

???

Com isso, o time foi a campo com 3 zagueiros, 2 alas, 2 volantes e só um armador. O Grêmio por sua vez jogou a sua bola normal, seu esquema normal e costumeiro. Resultado, um Fluminense apático, dependendo  exclusivamente da sorte, porque só assim para uma bola conseguir chegar no Fred ou no Nem, tamanha foi a ineficiência do setorde armação. Sozinho, Thiago Neves foi presa fácil, não produziu absolutamente nada, e foi reflexo do time em campo. Até aquele jogo o Flu estava invicto pois jogava bem, da maneira de sempre. Mas ontem o professor resolveu inventar, aí deu no que deu. Ele se apoia nos desfalques dos laterais titulares e do Deco para justificar a alteração. Eu não concordo. Lateral titular e reserva fazem as mesmas coisas. Se você não pode contar com um Deco, você tem um Wagner na reserva, que faz a mesma função de criação e de segurar a bola. Não da mesma forma, pois cada um tem seu jeito de fazer a mesma coisa, mas não teria problema nenhum, portanto que a "coisa" fosse feita.

O Grêmio que não é besta nem nada, aproveitou. Foi melhor e mereceu o resultado, e chegou de vez no G-4, mais precisamente na cola do próprio Fluminense.

Para os gaúchos, fica a vitória. Para os cariocas, a lição.

Aí é esperar que eles aprendam.

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