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Saldo positivo

(Foto: Alexandre Durão / globoesporte.com)
"Nunca subestime o poder da Seleção Brasileira". Ouvi muito essa frase ao longo da semana e percebi que muitos não entendiam minhas críticas. Jamais critiquei a Seleção Brasileira como equipe, mas sim a forma de jogar. Não queria espetáculo, que é bem subjetivo. Queria apenas que jogassem bola, sem medo, no melhor estilo brasileiro. Se tratando de Brasil, o espetáculo se torna consequência do mais simples 'bom futebol'.

Se critico é porque sei da capacidade que esses caras tem. Contra a Espanha foi lindo, sensacional, fantástico, enfim. A melhor apresentação do Brasil nos últimos anos. Da defesa ao ataque a apresentação foi perfeita. Passei o jogo inteiro com um sorriso bobo no rosto, parecia não acreditar que, enfim, a Seleção devolvia a alegria aos olhos de seu torcedor. Não pelo resultado, pelo título, mas pela bola que jogaram.

Não podemos dizer que somos os melhores do mundo atualmente. Ou melhor, AINDA não podemos.

O Brasil fez questão de mostrar sua principal diferença das outras seleções. Seleção Brasileira não é só conjunto. Não podemos nos contentar somente com isso. Os outros sim, mas nós jamais. Somos paixão, raça, euforia, craques, torcida, tática, dribles, gols, conjunto, somos simplesmente Brasil, o berço do futebol.

(Foto: Gazeta do Povo)
No domingo o potencial da nossa Seleção veio a tona. Espero que os torcedores não se iludam, não temos o direito de nos conformar com o título da Copa das Confederações, que não passa de uma espécie 'torneio de verão'. O título marcou não o retorno definitivo do futebol brasileiro, isso só o tempo vai dizer. Mas a competição serviu para montar uma base e devolver, tanto para torcedores quanto para a equipe, a confiança.

Confiança que deve ser aproveitada e muito bem trabalhada, com o objetivo de resgatar o prestigio da Seleção e recoloca-la em seu lugar de direito. Vencer a Copa do Mundo pode representar absolutamente nada se o conceito não mudar. Os méritos pela conquista existem, mas são passageiros. A história é maior que o resultado, o Brasil não é conhecido apenas pelas conquistas, mas sim pelo grande futebol que as acompanharam.

Espero que isso fique claro na mente do nosso treinador para que não se repita o processo dos últimos anos, desde o tão famoso quadrado mágico.

O saldo da Copa das Confederações foi positivo. Cinco jogos, cinco vitórias. Apenas na final a Seleção Brasileira mostrou sua verdadeiro potencial. Nas outras partidas foram duros, aproveitando a fragilidade das equipes e dependendo de lapsos de alguns jogadores. Ora, uma ou duas partidas ruins são naturais, acontece. Mas a sequência não era animadora. Contra o Uruguai, nossa pior apresentação. Contra a Espanha, o verdadeiro Brasil.

Os pouco mais de trinta dias que a equipe passou junta foi fundamental. O entrosamento é determinante e faz muita diferença dentro de campo. A base montada, com cerca de 80% do elenco fechado - segundo o Felipão - também deve ser destacado. O que temos de melhor está lá. Lógico que se tratando de Seleção Brasileira sempre vai existir um ou outro atleta que pode vir a compor a equipe.

(Foto: Reuters)
Os erros apresentados foram táticos. Qualidade nós temos, porém alguns jogadores estavam sendo prejudicados pela formação utilizada. O jogo previsível me preocupa, por isso que a movimentação é importante. Na final dava pra sentir o time muito solto dentro de campo, alternando seu estilo de jogo, mesmo sem modificar peças ou a formação tática. Isso é mérito do treinador, que soube enxergar o potencial do adversário e adaptou o Brasil para que a Espanha entrasse no jogo brasileiro e não o contrário. Perfeito. Também é muito bom ver a torcida jogando junto e ganhando a confiança novamente.

(Foto: Reuters)
Ainda é pouco, mas já iniciamos a nova caminhada. E o futebol é que agradece, afinal, o Brasil é onde esse esporte ganha mais brilho e se torna apaixonante. O título não representa nada se o conceito não mudar. Estou confiante, sei que temos uma grande Seleção e um treinador de personalidade. A combinação pode ser perfeita, basta olhar para o futebol com a mente aberta. O levantamento do torneio é positivo, apresentamos erros, mas também evoluímos em alguns aspectos. Especialmente no fator Neymar. 

Com o fim da Copa das Confederações vejo uma Seleção Brasileira mais confiante, da mesma forma que estou muito lúcido de que o trabalho está apenas começando. Começou muito bem, agora é dar continuidade.

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